quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Ao sabor da luz...


O tipo de luz determina a escrita. Existe a luz que se impõe, fazendo-nos olhar para fora. É a luz diurna, solar. Sua característica é mostrar verdade demais. Os escritores que se banham por ela falam de convicções e formulam sentenças categóricas. Sua sina é sempre pensarem que são compreendidos, mas nada conseguiram expressar. Seus interlocutores são seres fotofóbicos, habitantes das profundezas da terra, toupeiras. Por sua vez, a luz das velas opera um movimento inverso. Ela convida o olhar interior. Os escritores que escrevem nessa circunstância são pouco democráticos, um quase silencio. No entanto, assustam-se que outros os tenham ouvido. Não escrevem verdades públicas, mas íntimas. Talvez seja por isso que muitos acreditem neles, e há até aqueles que se transformam em seus clones intelectuais... Por fim, existe a luz do horizonte, aquela que vem, embora não se saiba do que procede. É meia... luz... Está entre o visível e o invisível, a luminosidade e as trevas, o saber e o não saber... Mostra apenas silhuetas, numa cor exclusiva de sabor. Nela, fundem-se a coisa e a sua sombra, a verdade e a mentira, o escritor e a escrita...
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.

BlogBlogs.Com.Br

Nenhum comentário:

Postar um comentário